quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Uma semana depois....

Já passou uma semana desde o início das aulas do mais velho.
Ele anda feliz da vida!
Mas, eu continuo estupidamente nervosa e sem saber lidar muito bem com esta nova rotina que se instalou em casa. Já para não falar nas alterações de personalidade, de postura e de linguagem que já se vão notando. Assim, como se já estivesse na "pré-parvoice".
Foram 7 anos passados numa escola privada, entre os 3 e os 10 anos. Agora é todo um mundo novo, e grande, que tem para explorar e é como se o ar lhe entrasse de rajada, sem dar tempo aos pulmões para processarem tanto ar de uma só vez.
Resta-me a (certeza) esperança de que tudo irá encaixar-se novamente nos sítios certos e que as rotinas serão acertadas, e ajustadas, para bem da sanidade da vida familiar lá de casa!


sexta-feira, 16 de setembro de 2016

1.º dia


A satisfação estampada no rosto quando o fomos buscar à escola e alegria que saltitava nas frases que partilhava, serenaram-me o coração.
"Foi uma manhã tão boa, mãe! Os profs são muito fixes!fixe!!!"

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Novo ano



E lá foi ele já grande (mas, para mim sempre pequenino) de mochila às costas carregada de sonhos (e de alguma ansiedade).
Perguntei-lhe se queria que fosse com ele até à porte e (ainda) assentiu! Deu-me um beijinho de despedida, suspirou sorridente e lá foi ele.
Depois de 7 anos aninhado numa escola pequena, com ambiente familiar, conhecendo todos os cantos à casa, lidando diariamente com as pessoas de sempre, ganha agora novas asas para conhecer outro mundo que espera por ele.
Acordou muito antes do despertador, tal era a ansiedade! Num desassossego feliz de quem se preparar para uma nova e boa missão.
Eu, bem… sinto-me uma mãe com os nervos (estupidamente) esfrangalhados. Mas, com a certeza de que isto passará e havemos de chegar novamente o equilíbrio no nosso dia a dia familiar (assim espero!).



A ti, meu filho mais velho, desejo que saibas aproveitar muito bem cada momento de aprendizagem, de brincadeira, de descoberta e aventura.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Pronto...

...entrámos na nossa semana mais louca de Maio, com a agenda cheia e responsabilidades que nos deixam nervosos.
Havemos de dar conta do recado, claro que sim.
Mas, este fim-de-semana já foi de tal nervosismo antecedendo o que aí vinha que as insónias assaltaram as nossas almofadas.
Entre ensaios e mais ensaios a semana irá culminar num fim-de-semana de concertos (20 e 21) e na Primeira Comunhão do nosso André (22).


domingo, 15 de maio de 2016

Domingo de sol

Que lindo dia de sol!
Depois de uma noite muito mal dormida, sonhando e ressonhado com os muitos afazeres agendados para o mês de Maio, é com alegria que vivemos, em família, este dia solarengo.
Que seja um dia luz também nos nossos corações.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Mãe sofre (e os filhos também!)

Mãe sofre! E acredito que os miúdos também sofram com a sua turbulência interior de sentimentos e sem saberem muito bem lidar com as suas frustrações.
O meu mais velho hoje teve, e ofereceu-nos, uma manhã difícil. E eu já sei que vou passar o dia a pensar nisto, com este nervosinho miudinho que às vezes assolam as mães e com aquela dorzinha chata que nos martela na cabeça “como é que não conseguiste resolver o conflito de forma positiva?”
Acordou feliz porque estava sol e pediu para ir para a escola de calções. Eu achei que o tempo ainda estava incerto para ir em modo verão para a escola, ainda por cima sabendo que hoje teremos todos um dia longo e só chegaremos a casa à noite. Expliquei-lhe, por isso, que hoje ainda não iria de calções, mas que se nos próximos dias, o tempo se mantivesse solarengo e mais quentinho já poderia andar de pernas ao léu.
A decisão maternal não foi de encontro ao seu desejo e pronto foi “o fim do mundo em cuecas”. Chorou, amuou… barafustou “não levo calças! vou vestir calções! não me visto!”
Dei-lhe espaço e mantive-me em silêncio, afastada. Acredito que se dermos demasiada importância a estas birras, uma coisa pequenina pode transformar-se num monstro.
Mas… as nossas manhãs são manhãs apressadas, não há tempo para muito espaço. Foi-lhe explicado que tinha que se despachar, porque estava quase na hora de saírem de casa e o pai não ia esperar por ele.
Nestas coisas o A. gosta de esticar a corda, testando a flexibilidade dos pais. Melhor dizendo, vai vendo "se e quando parte a corda”.
Continuou na sua refilice, roçando na má educação e teve que ouvir um raspanete e a promessa de que ficaria em casa se não se despachasse no tempo devido.
Resultado de tudo isto: o pai estava a sair de casa com o irmão e ele ainda enfiava as calças. Saiu sem lavar os dentes, nem a cara… todo mal amanhado, sem o lanche (porque se esqueceu de o levar!).
Creio que daqui a pouco tempo, ele já esqueceu isto tudo e vai estar a brincar com os amigos feliz da vida.
Eu fico tristonha por, mais uma vez, não ter tido a mestria dos manuais de “boa educação aos filhos em modo zen” e sei que isto me vai incomodar todo o dia, até voltar a estar com ele e termos uma nova conversa, agora mais calma, distante do incidente matinal.
Devia de haver uma analgésico mágico para as dores das mães.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

A festa dos 39 anos

No dia do meu aniversário houve mimos.
Recebi muitas mensagens, recebi muitos telefonemas. Houve beijinhos e abraços. Gargalhadas e brindes!
Que felizarda sou, caramba!
Nos dias de aniversário costumo ficar um pouco nostálgica. Não tem a ver com o acumular dos anos, porque isso eu aceito muito bem (respeito muito cada uma das minhas rugas!).
Acho que fico meio sem jeito. Sem saber o que fazer com o "meu" dia.
Também fico um pouco reflectiva sobre o que a vida me tem oferecido, sobre o que tenho conseguido fazer com ela... sobre as minhas pessoas e as nossas partilhas.
Enfim... são os neurónios sempre a correr e o coração a bombear forte.
No dia do meu 39.º aniversário foi bom ver a alegria dos meus filhos a saltarem para os meus braços logo no acordar da manhã. Foi bom o brinde que fiz com uma amiga, na hora do almoço. Foi bom o jantar com a família mais próxima. Foi bom o abraço forte do meu marido e todos os miminhos gastronómicos que me preparou. E todas as palavras amigas que recebi ao longo do dia fizeram-me crescer mais um bocadinho e rasgar um grande sorriso no meu rosto (que, sim, vai envelhecendo).
Obrigada a todos!


quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma conversinha com "São Pedro"

Esta manhã, o mais pequeno levantou-se da cama e olhando pela janela disse:
- Ó tempo, era bom que parasse de chover. Vê lá se começa a fazer calor que eu quero vestir calções.

Faço minhas as palavras do meu filho de 6 anos!

terça-feira, 10 de maio de 2016

39 Anos

Há 39 anos atrás, diz a minha mãe que fazia um dia de muito calor.
Diz ela também que sentiu que estava na hora de eu nascer, quando andava pelo campo no trabalho. A experiência antecessora de parir três filhos deu-lhe a certeza de que tinha chegado a minha hora, embora a medicina indicasse que seria mais para o final do mês.
Deixou o trabalho, foi a casa, preparou-se, pegou na mala e apanhou o autocarro com destino à cidade. Chegou ao hospital e o médico recebeu-a ranzinzo, dizendo que fosse para casa que ainda era cedo para eu nascer.
Ela bateu o pé com a certeza de que as dores que sentia eram as tais e sentou-se numa cadeira à espera que a hora H chegasse. E o seu instinto de mãe estava certo, como sempre esteve (e está) e passadas umas horas eu nasci.
“Eras linda!” – diz ela ainda hoje. E depois conta que “todas as enfermeiras te iam ver!”
“No dia a seguir apareceu no hospital uma senhora estrangeira que queria ficar contigo. Disse que pagaria o que eu quisesse. Como eu já tinha 3 filhos, e tinha poucas possibilidades…”
Depois diz zangada “a mulher era maluca! Então, mas eu ia vender a minha filha?!?! Gritei com ela e mandei-a embora dali”.
Diz que era assim naquele tempo…
Todos os anos recordamos esta história. Todos os anos fico com um brilho no olhar por saber que nasci de uma super mãe!
Hoje faço 39 anos!

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Dilemas

Também tenho preocupações fúteis:

- meias pretas ou da cor da pele?
- cabelo rebelde ou cabelo arranjado?
- saia preta ou encarnada?

Se fosse para ir a uma festa à qual me apetecesse ir, provavelmente teria menos dilemas!
Crescemos, envelhecemos, mas continuamos a ter que "engolir a sopa que não gostamos".

“Cansa viver onde todos querem parecer iguais”

Numa era em que se apregoa a sete ventos o RESPEITO, parece-me que andamos muito pouco tolerantes uns com os outros e gosta-se muito nas redes sociais, onde se acumulam sorrisos virtuais... mas, na vida real há falta de empatia pelo outro, pelo melhor que cada um pode dar.
Olhar nos olhos, sorrir, mostrando as rugas que se desenham nos olhos que também sorriem.
Sim, ando cansada.... "cansa viver onde todos querem parecer iguais".



quarta-feira, 4 de maio de 2016

Querido diário

O meu filho mais velho (9 anos) pediu-me um diário.
Andou uns tempos a insistir neste assunto e há semanas oferecemos-lhe um diário (com cadeado e chave, como deve ser).
Ficou muito feliz com o presente e quase sem saber o que fazer com aquele novo "tesouro".

Ele: Porquê que traz duas chaves?
Eu: Para ficares com uma suplente no caso de perderes uma.
Ele: Mas, onde guardo a chave?
Eu: Vais ser unicamente tu o responsável pelo diário e, claro, pelas chaves. Por isso, guardo num sitio onde tu saibas onde está.
Ele: O melhor será guardar tudo (diário e chaves) na caixinha. E o que é que eu escrevo aqui?
Eu: Tudo o que tu quiseres. Só tu saberás o que aí escreves. Podes escrever sobre o teu dia, sobre o que sentes, sobre os teus sonhos...

O diário mantém-se à vista de todos (com as chaves) e eu ando mortinha de curiosidade sobre o que ele escreve naquelas páginas em branco. Sim, a curiosidade vai manter-se... respeito aquele diário e os seus "segredos".

Também eu tive muitos diários quando era miúda. Acho que muito influenciada pelo livro Diário de Anne Frank que me inspirou para a vida. Também eu dava nome aos meus diários! Hoje penso "onde andarão aqueles meus caderninhos depositadores dos meus desabafos secretos da infância e adolescência?"

O que será que o A. escreve no seu diário?

Tenho reparado que vai a correr para ele quando se aborrece com qualquer coisa! E sei que escreveu lá um sonho dele, quais serão os seus sonhos?

Bem, tenho que procurar os meus diários, não vão eles ser encontrados pelos meus filhos antes de mim (porque os meus já não devem ter chave)! :-)



Não Posso Adiar o Amor

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa

terça-feira, 3 de maio de 2016

Calorias para anafar a neura

O dia hoje não terminou bem. Uma "ordem" de trabalho inesperada deixou a minha agenda de patas para o ar. Tanta coisa que terá que ser desmarcada, justificada...
Para acalmar os nervos, refastelei-me no sofá com um gelado suficientemente calórico para anestesiar a neura.
Amanhã é outro dia! :-)

Boa noite!


Energias, leva-as o vento

Têm estado umas manhãs muito ventosas.
Acordo e ouço lá fora o alvoroço no ar, o zumbido do vento e o baloiçar agitado da árvores não engana: é mais uma manhã de poeiras pelos ares.
Tenho uma relação estranha com o vento.
Em pensamentos mais nostálgicos, faz lembrar-me os meus tempos de miúda. Vivia no campo e tinha tanto tempo (coisa que hoje as crianças não sabem o que é) que me dava ao luxo de ficar junto ao muro da minha casa, sentido o vento bater-me na cara, a ver tudo a rodopiar pelos ares e imaginava onde iram parar aquelas folhas que esvoaçavam pelos ares.
Hoje em dia , e numa visão pouco sonhadora (a idade tira-nos, infelizmente, a poesia das coisas simples), o vento faz-me mal. Sinto que me leva as energias para outras bandas e deixa-me a cabeça estranha, com um vazio...  (para onde levará o vento a minha energia!?).
Tenho uma amiga que diz que em dias de vento os miúdos também ficam mais agitados. Talvez tenha razão. Talvez seja por isso que os meus filhos andam tão aluados.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Fim de semana

Filho mais novo: Mãe o que é jazz?
O mais velho: Oh, eu sei o que é! É um estilo de música!
Eu e o pai sorrimos e lá tentámos explicar: É uma música em que os instrumentos falam uns com os outros de forma, às vezes improvisada, a partir da melodia de cada música.

E foi ao som de música jazz que terminámos o nosso domingo solarengo de ontem, com a Ria Formosa aos nossos pés. Dia da mãe e dia do trabalhador.

O mais velho esteve de olhos vidrados nos instrumentos e de ouvidos bem atentos àquela sonoridade nova. O mais novo adormeceu (bem, se a música não fosse boa, dificilmente conseguiria adormecer. Sentiu-se embalado)!

Não foi um fim-de-semana perfeito. Longe disso! Houve birras, disparates, estudo que ficou por ser feito, muita impertinência (e implicância) entre irmãos e pouca paciência por parte da mãe (confesso). Houve gritos e repreensões várias. Mas... houve também abraços, beijinhos, desculpas, sorrisos e palavras bonitas. E não é assim uma família "perfeita"?

domingo, 1 de maio de 2016

Mãe querida, mãe querida

A minha mãe é a melhor do mundo!
Venceu muitas agruras da vida, aqueles olhos azuis mar derramaram tempestades de lágrimas.
Mas, aquele metro e meio de corpo soube levantar-se, erguer-se e caminhar em frente, com olhar posto no futuro (e essencialmente nos filhos), esperança no coração e um sorriso na alma.
Nunca ouvi a minha mãe dizer "no meu tempo..." (e eu já digo tantas vezes!), deve ser porque ela é uma mulher "do presente",  do vamos fazer agora...
Devo-lhe tanto, tanto.... e sei que nunca serei capaz de retribuir, mas amo-a (e admiro-a) do fundo do coração!

Eu: Então mãe, hoje jogaste à bola com os miúdos (referia-me aos meus filhos)?
Ela: Não, hoje não joguei muito. Eles encontraram uns amigos e estiveram a brincar com eles. Mas, andei de baloiço. Há muito tempo que não andava de baloiço!

Será importante acrescentar que a minha mãe tem 76 aninhos!

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Fim de semana à porta

É sempre bom sentir que estamos a poucas horas de encher o balão de oxigénio com horários menos exigentes, com os mimos da família, alguma preguiça e, se possível, algum ar livre e sol na tola.
Ainda que o fim de semana tenha também que ser de estudo com os miúdos e cumprimento de alguns compromissos "que têm que ser", ainda assim, é bom sentir o perfume do fim de semana.

Divirtam-se, mimem as vossas mães e sorriam!

Sorrisos (ontem é que foi o dia Mundial do Sorriso)

Ando um pouco descompassada em relação aos marcos diários de o "dia de...".
Mas, não faz mal! (um grande sorriso)
Diz-se que ontem foi o dia Mundial do Sorriso e acho bem que haja um dia em que possamos pensar se andamos de alma sorridente e recordar-nos que um sorriso genuíno será sempre o mais belo (e despretensioso) presente.

Sim... mas, infelizmente, há dias que não nos apetece sorrir... e, muitas vezes, ainda que sem um olhar sorridente, sorrimos...

Sorriso Audível das Folhas

Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.

Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.

Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"


quinta-feira, 28 de abril de 2016

Respeito

"O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro".
José Saramago

Há dias os meus olhos focaram-se nesta frase de Saramago e roubaram-me alguns momentos de reflexão.
Aliás, ela vem muito de encontro ao tema do meu texto anterior: Liberdade.
Na realidade não penso que tenhamos esta consciência da força ditatorial (arisco dizer) que a acção “convencer” tem intrínseca em si mesma quando dizemos, por exemplo, “ainda te vou convencer…”
No entanto, pensemos, o que faz com que o meu ponto de vista, a minha opinião, a minha crença, ou simplesmente o meu gosto seja superior à verdade do outro?!?
Reparo que a informação nunca esteve ao alcance tão fácil e tão rápido das pessoas, como acontece hoje em dia. Resultado das proliferação (e democratização) das novas tecnologias de informação e massificação das formas de comunicar. Junte-se a isto a facilidade com que cada individuo pode dar (e publicar) a sua opinião nesta rede global de comunicação. Muitas vezes numa luta voraz pela imposição de opinião individual sem respeitar o pensamento (e o coração) do outro. E isto acontece tanto nos debates políticos, desportivos, como as reuniões de trabalho e até mesmo nas simples conversas do dia a dia.
Sim, somos, muitas vezes, ditadores quando emitimos a nossa opinião, numa tentativa de convencer o outro de que a minha verdade é que é “A” verdade, correndo o risco de até ridicularizar a diferença do outro.
O respeito é, sem dúvida, o alicerce das relações humanas e se fosse entendido universalmente, viveríamos de certeza num mundo mais justo (para todos).
Isto faz-me lembrar uma conversa familiar tida há tempos com o nosso filho mais velho que a propósito de um barulho infernal que fazia, eu lhe pedi que parasse com aquilo porque nos estava a incomodar. Ele rapidamente, e sem prensar, ripostou que a ele não estava a incomodar e que até gostava. Partindo deste disparate explicámos-lhe que a “liberdade dele terminava quando ela condicionava a liberdade do outro”.
Foi a primeira vez que ele ouviu tal coisa e ficou a pensativo com isto. Não sei a que conclusão terá chegado por si mesmo, mas acredito que o tempo amadurecer-lhe-á estes princípios.
E nós adultos, quantas vezes nos esquecemos deste princípio civilizacional?

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Liberdade

Porque nunca é fora de prazo reflectir sobre a liberdade, acho que ainda posso dissertar sobre o tema, mesmo que nos “rescaldos” do 25 de Abril.
Em vésperas da data, o meu filho mais velho (9 anos) vinha da escola muito entusiasmado sobre o que tinha aprendido sobre o 25 de Abril. Sabia o ano da efeméride e as senhas que tinham marcado a Revolução dos Cravos. Cantarolava a “Grândola Vila Morena”, dizendo que era de Zeca Afonso, e o “Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho (pai do Agir, acrescentava ele).
Eu sorri perante estes conhecimentos, mas sobretudo sobre as reflexões que ele ia fazendo sobre o tema.
E lá dizia ele: "sabias, mãe, que naquele tempo as pessoas não podiam dizer o que pensavam em qualquer lugar, nem escrever o que queriam, nem ler o que mais gostavam? Havia até uns senhores que liam as coisas antes de saírem e riscavam o que achavam que não estava de acordo com o que devia ser naquela altura."
Eu ia assentindo com a cabeça.
Por fim, rematou "tu ainda não eras nascida, mãe. não saíste para a rua a festejar. O avô estava na tropa. Tinha entrado no dia antes".
Eu continuei a acenar que sim com a cabeça. E fiquei, confesso, um bocadinho vaidosa com tanta curiosidade no pensamento do miúdo e com tanta coisa que afinal já sabia.
Reparei que, envolto neste tema, o marcou especialmente a percepção do conceito "mudança". O antes e o depois 25 Abril. E isso, via-se no olhar dele, fascinava-o... a possibilidade de estar sempre em aberto "mudar" (preferencialmente para melhor, acrescento eu).
Eu acho que quem já nasceu com a liberdade, dificilmente entenderá a Revolução da mesma forma do que os que viveram essa mudança. Nós (sim, porque eu nasci depois do 25 de Abril) tivemos o privilégio de nascer num pais em mudança, com liberdade de pensamento e de opinião. Nascemos com a alegria de podermos rir alto na rua, de podermos dar beijinhos em público… Foi-nos oferecido o direito de voto, de escolha e de luta (sempre).
Antes do 25 de Abril eu e o meu filho não poderíamos ter a conversa que tivemos abertamente na rua e com direito a cantarolar as músicas da Revolução.
Para lhe aguçar aquele momento de reflexão expliquei-lhe que, infelizmente, há ainda países onde não se vive em liberdade. Houve um momento de silêncio e percebi que lhe fez confusão perceber que no mundo não temos todos a mesma sorte e que há quem viva ainda num regime de opressão.
Ele ficou pensativo!
E eu também, confesso!


(nota: afinal já sei porque é bom voltar a escrever aqui. para mais tarde recordar estes momentos)

O acaso

O último texto que escrevi foi em 1 de Agosto de 2014! Sim 2014!
Como é que é possível já ter passado tanto tempo!
Nem sei...
Sinto este cantinho como meu! Quase só meu! Quase como um segredo!
Nunca divulguei este espaço com praticamente ninguém. E porquê?
Nem sei bem...
Acho que é o meu lado envergonhado, e até pouco confiante, que persiste, mesmo que assim meio escondido e quase embrulhado.
E penso: "mas quem se pode interessar pelos meus desabafos"?.
Não sei...
Mas, ainda assim, andei por aqui na blogosfera. Escrevi alguma coisa e se aqui estou é porque, mesmo que envergonhadamente,  quero partilhar com que aqui possa "cair à sorte".
Há dias uma pessoa que conheço de várias "andanças" falou-me deste meu cantinho. E eu fiquei surpreendida! Não só falou, como elogiou... E eu fiquei assim meio sem jeito e surpreendida, sim!
Quis a "sorte" que alguém que eu conheço viesse aqui parar e reconhecesse a minha escrita... no fundo reconhecendo o meu eu nestas palavra que aqui vou deixando, muito esporadicamente!
E com um sorriso pensei "se calhar isto não é por acaso. Se calhar, tenho mesmo alguma coisa para partilhar."
E, sim, gosto de escrever, ainda que muitas vezes ache que não tenho nada para dizer.